Entre 5 e 6 de abril, a capital paraense recebeu a etapa Norte do IX Seminário Nacional de Psicologia e Políticas Públicas. Profissionais e estudantes da Psicologia e de outras áreas se reuniram em Belém para debater a atuação do psicólogo diante da realidade política brasileira. O objetivo do encontro foi problematizar a conjuntura política, conhecer e aperfeiçoar as práticas da Psicologia nas políticas públicas, considerando as especificidades da região, como extensão territorial e comunidades quilombolas e indígenas.
Durante dois dias, palestras, mesas-redondas e rodas de conversa e resistência reuniram cerca profissionais e estudantes da Psicologia, Pedagogia, Sociologia e áreas afins no auditório do Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ) da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém. O evento foi uma realização do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Conselhos Regionais de Psicologia (CRP) 10, 20 e 23, por meio do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop).
Para a conselheira Jureuda Duarte, do CFP, o seminário foi uma forma de reunir pessoas que querem discutir a Amazônia e “os processos da Psicologia para além da Psicologia”. Para ela, o intercâmbio entre os estados do Norte permitiu o contato entre profissionais de diferentes áreas para debater o cenário de desmonte de direitos construídos desde a Constituição de 1988.
A psicóloga Isabel Fernandes, pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), indagou sobre “a função do psicólogo em um cenário de um milhão de pessoas subnutridas no Brasil” na palestra sobre “Psicologia e Políticas Públicas”. Para ela, a avaliação sobre a atuação do psicólogo não pode estar desvinculada da conjuntura nacional. “Não podemos deixar de considerar, principalmente, o cenário político atual”.
Para falar sobre a conjuntura política atual e os impactos em políticas públicas, o psiquiatra Paulo Amarante, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), trouxe ao debate a temática da luta antimanicomial e a necessidade de se pensar estratégias atuais de resistências para o futuro, já que ele considera o momento favorável. “Quando começamos esse movimento [antimanicomial], tínhamos um quadro muito sério. Então, pensar esse novo modelo não é negar a Psiquiatria, mas ter uma relação crítica com a ciência.”
Um dos eixos centrais do seminário, a “Atuação do psicólogo na realidade amazônica e em comunidades quilombolas e indígenas” também foi debatido por Nita Tuxá, psicóloga e mestranda em Antropologia Social na Universidade Federal de Roraima (UFRN). “Precisamos contribuir para a construção da política de saúde mental indígena e permitir a indigenização da Psicologia. Quando o indígena fala sobre isso, ele começa a se apropriar da Psicologia.” Tuxá falou ainda sobre a necessidade de se transpor o modelo biomédico e reconhecer a medicina e a tecnologia indígenas.
A próxima etapa regional do Seminário de Políticas Públicas 2018 será a Sudeste, e ocorrerá nos dias 7 e 8 de junho, em Minas Gerais. O tema do encontro será os Desafios e Dilemas da Atuação das/os Psicólogas/os nas Políticas Públicas.
Com informações do CRP-10.